quarta-feira, 12 de março de 2008


SHORTWAVE YOUNGLOVE KINGDOM

O processo de composição do Is An Out Of Body Experience foi tão rápido e criativo que após algum tempo resolvi buscar nas masters do Tascam o que havia deixado de fora do álbum. Foi então que percebi que juntando as coisas da maneira certa, terminando alguns experimentos que havia começado, teria outro disco pronto. Em alguns momentos acho esse disco ainda superior ao Out of Body, simplesmente porque nasceu ao acaso. É mais sombrio e esquisito e só depois de algum tempo percebi que havia deixado de lado essas canções por algum motivo. Eu queria que o Out of Body fosse um disco psicodélico no sentido clássico. Músicas como Bastard e Vampire pareciam fora do lugar na primeira tentativa, mas agora faziam sentido nesse novo álbum. Ou seja, como quase todos os discos do Grenade, Shortwave é um álbum de retalhos costurados. Nada pensado ou criado sequencialmente, mas que no fim parece imprimir um conceito.

songs:Shortwave young love Kingdom - Vampire - In nine days (number 9 ) - Bastard - The son - Growing Sun (partII) - White noise - Cast (and love the youth) - The Cake - This place is a hole - Dogs - Dying friend - Demons - Manhunter - Backseat - #########

O COMEÇO



O Killing Chainsaw eram quatro caras dividindo uma casa, que na verdade era apenas um disfarce conveniente para abrigar nossos poucos equipamentos de ensaio em um dos quartos disponíveis. Foram quatro anos e quatro casas com todos nós morando juntos. Ninguém queria renovar contrato de locação com a banda. Hoje imagino o inferno que era aquilo para os vizinhos. A gente tinha uma noção de isolamento acústico equivocada e por melhor que fosse a tentativa, era simplesmente impossível anular todo barulho que nós quatro estávamos interessados em criar.

Tudo isso para explicar que morando juntos, nosso processo de composição acontecia em conjunto, dentro desse quarto. Era mágica. Alguém chegava com um riff e em poucos minutos uma nova canção estava feita. Assim, fácil.

Quando me mudei para Londrina foi difícil manter esse processo e comecei a registrar canções e enviar para os caras em fitas cassete por correio, assim quando estivesse lá, tudo ficaria mais rápido. A gente tinha menos tempo para se divertir. Parte do segundo disco da banda foi feito assim.

O que aconteceu foi quem em pouco tempo esse método me aproximou de outras idéias, que já estavam martelando na minha cabeça há tempos. O folk e a psicodelia. Gravar sozinho em casa, com um violão e o recém chegado Tascam era tudo o que eu precisava para começar a registrar canções solitárias, prontas no formato solo.

As músicas que deram vida ao Child´s Introduction to Square Dancing são verdadeiros ensaios e testes. Quando estava gravando essas músicas ainda tinha uma banda e não pensava em lançar como um trabalho paralelo. Isso aconteceu quando um dia mostrei algumas para o Marquinhos (Thee Butcher´s Orchestra na época) e ele curtiu tanto que me deixou animado a ponto de criar um nome para poder me esconder e começar a divulgar. A Debbie (Ordinary Recordings) resolveu junto com o Marcos pegar uma fita cassete e fazer cópias num tape duplo caseiro e começaram a distribuir esse material em shows e via correio. Foi assim que começou o Grenade.

songs: I'm not a singer - Ray Davies and Neil Young - O.B.E. - Razor blades - Basson boogie - Low spirit - All about desire - You Call me up - The last submarine - backseat - Over your tracks - The little boy - Her love to a strange - Girl in a bus

sábado, 8 de março de 2008


IS AN OUT OF BODY EXPERIENCE (1999)

Out of Body não é um álbum conceitual, mas foi criado durante um período onde buscava explicações para as chamadas experiências fora do corpo e isso contribuiu para unir as pontas e criar sua imagem. Entrei num quarto e três dias depois havia gravado todas as bases que serviram tanto para esse disco quanto para o Shortwave Younglove Kingdom. Fazia as músicas ao mesmo tempo que registrava. As canções com banda (Rubber Made Heart, King of The Sailors of Doom, She Will Fly, a parte final de Demons e Razor Blades) foram todas gravadas ao vivo em dois canais no Tascam. Todo o resto do disco foi feito em casa no mesmo equipamento. O processo foi complidado. Primeiro era preciso criar as bases instrumentais, jogar no computador, mixar, voltar para o Tascam, fazer os arranjos, fazer o mesmo processo novamente, colocar as vozes nos canais agora liberados e retornar para o computador para finalizar. Isso explica a sujeira e os ruídos em todas as músicas. O álbum também nunca foi devidamente masterizado.
Fazer esse disco era um desafio espiritual, em nenhum momento pensei em seu resultado como um produto, por isso ele acaba sendo um trabalho desleixado do ponto de vista técnico, mas ao mesmo tempo muito sério e comprometido.

Songs: Growing sun - Angels (L.Cohen poem) - Lliar father rise - Fishing - King of the sailors of doom - Hometown - Demons - Rubber made heart - Out of the body - She will fly - Time for picnics - Razor blades - Restless - The sensorial cake language - Down on me - Slow white comeback

DEMONS (BAR MECENAS - 2001)

sexta-feira, 7 de março de 2008




Gravado em 2005 para ser lançado em 2006, Life as a Sinner é uma continuação da proposta do álbum anterior, um álbum de rock ainda mais simples e direto. Apenas 11 canções, sem vinhetas, colagens ou experimentos. É o último trabalho do Grenade com o Éric na guitarra, meu parceiro desde o Out of Body Experience. Para quem não sabe, as guitarras de Rubber Made Heart, Vampire, She Will Fly e Razor Blades são do cara. Um guitarrista incrível.

Esse é o disco que coloca o ponto final na fase mais rock do Grenade.

songs: send your sound - you know - green as greed - the laws - jesus took me from a rope - something is gonna change now - babe you have no faith on me - one day of war - something between me and you will break - secretly - orlando




O primeiro disco da banda Grenade. Desde 2001 o Grenade já se apresentava como um "conjunto de rock". Colocar isso em disco era uma questão de tempo. Para quem ficou alguns anos fazendo música em casa, isolado, tocar com uma banda de verdade novamente era libertador. Não precisar se preocupar com tudo e ter aquela energia que somente amplificadores ligados conseguem imprimir. Era certo que o disco seria alto, sujo e barulhento. A vontade de misturar todas as influências e fazer um disco de rock clássico era a única coisa em comum entre as canções. A base desse disco foi toda gravada ao vivo em estúdio. Com o instrumental na mão o disco foi pra casa, onde fizemos as vozes e a mixagem final. Ou seja, Grenade também é um álbum feito em casa.

songs: turn the page - old wish - rainmaker - gooday - erase your head - for her - secret trick - walk on glass - moving on - top of my head - going homethe ride- red room - tonight - war me - leave me alone




Splinters foi a última investida (até então) em gravações caseiras. É meu disco preferido de toda discografia do Grenade. Também não era para ser um disco. Comecei a gravar canções aleatórias com a idéia de alimentar o site da banda com músicas para download. Na época batizei o projeto de weekly songs. Algumas das Weekly Songs acabaram compondo o Heartless. As últimas usei como base para terminar o Splinters. Moving Wheels e Funeral Crowd são duas delas.

Essa versão que está aqui para download foi masterizada por Steve Fallone no Stearling Sound junto com o disco Grenade (2004). Na verdade esse disco foi enviado por engano e acabou sendo masterizado também no pacote. Ou seja, essa é uma versão com qualidade bem superior ao lançado originalmente pela Bay King em cd-r.

Esse disco deve ganhar uma edição em vinil em breve.

Logo após terminar a montagem do Shortwave Younglove Kingdom comecei a me interessar mais pelos processos de gravações caseiras. Softwares, samples, loops, edições. Ainda com a cabeça enfiada no folk, mas com o coração de quem foi criado no fim dos anos 80 ouvindo Spacemen 3, Jesus and Mary Chain e Primal Scream, resolvi continuar os experimentos de colagens e melodias ao mesmo tempo que aprendia a compreender o absurdo de possibilidades que esse tipo de gravações pode oferecer. Na verdade não tenho muita paciência com a parte técnica e as coisas acabam ficando mais parecidas com aquelas experiências que você faz quando ganha aquelas caixas de bases químicas simples para fazer sangue do diabo em casa. Tudo muito sujo e mal recortado, mas ainda assim com uma textura única. Heartless não é para ser ouvido como um disco, mas como uma coletânea de idéias.




Gravado em casa entre 2000 e 2001, esse disco é o resultado de experiências com sons eletrônicos e ruídos. Todo feito com samples e loops, é um disco de colagens e psicodelia com matéria prima extraída das sessões de gravação das músicas do álbum Splinters.